A mais recente âncora do Centro Histórico de Viseu, o antigo Orfeão, abriu hoje portas depois das obras de ampliação e reabilitação

Na tarde deste sábado, dia 28 de setembro, o antigo Orfeão de Viseu voltou a abrir portas e as suas escadarias de pedra encheram-se para conduzir viseenses e visitantes ao interior deste edifício emblemático do Centro Histórico. 

O motivo? Observar de perto o resultado da obra de reabilitação do imóvel, património de elevado valor arquitetónico e histórico para a Cidade-Jardim, que representou um investimento de cerca de 1,6 milhões de euros, dos quais 1,1 milhões foram comparticipados por fundos comunitários, através do programa operacional CENTRO 2020. A inauguração contou com a presença do Executivo Municipal e demais entidades do concelho e região.

"Este é um verdadeiro exemplo de reabilitação sustentável do património e representa mais uma etapa concretizada, com sucesso, no processo contínuo que é a revitalização do nosso Centro Histórico”, destacou o Presidente da Câmara Municipal, Fernando Ruas. "Felicito toda a equipa responsável pelo projeto e empreitada, que possibilitou devolver à Rua Direita e à comunidade viseense este nobre exemplar do leque de edifícios históricos de Viseu”. "Aliás, este foi já um trabalho também ele reconhecido publicamente, pelo Prémio Nacional de Reabilitação Urbana, que atribui, este ano, uma Menção Honrosa na categoria "Melhor Intervenção de Restauro”, a esta obra, o que muito nos orgulha”, adiantou o autarca. 

A obra realizada no edifício do antigo Orfeão de Viseu teve como objetivo, a par da construção de um novo "volume” a tardoz, a preservação do corpo principal do edifício, composto por dois grandes salões, com a manutenção de todos os pavimentos, tetos, alvenarias, carpintarias, caixilharias, rodapés, painéis de azulejos, guardas, elementos pétreos, configuração estrutural da cobertura e, ainda, da claraboia. Todo o alçado voltado para a rua Direita foi, também ele, reabilitado, caracterizado pelo revestimento em azulejo cor de vinho, pelas cantarias ornamentadas de granito presentes nas molduras dos vãos, varandas e cornija, e pelo frontão em pedra com o rosto de uma mulher.

Foram aplicadas técnicas que vão ao encontro dos valores da reabilitação, nomeadamente a reabilitação da caixilharia existente em madeira, o restauro das cantarias e dos restantes elementos em granito, a reparação de pavimentos existentes em madeira, o reforço e o tratamento de elementos estruturais existentes, o aproveitamento de paredes existentes em tabique, o restauro da estrutura em madeira dos tetos, rebocados com argamassas tradicionais à base de cal, afastando a intenção da total/parcial demolição do património.

Nesta intervenção foram ainda salvaguardadas e valorizadas as pré-existências, bem como as especificidades da arquitetura, respeitando, desta forma, o valor histórico do edificado, preservando a memória do edifício original.

A inauguração desta obra permite assim dar seguimento à estratégia de revitalização do Centro Histórico de Viseu, levada a cabo pela Câmara Municipal e a VISEU NOVO SRU, através da criação de novas âncoras no coração da cidade. Hoje foi já dado um passo nesse sentido, através da assinatura de dois protocolos de colaboração entre o Município de Viseu e o Rotary Club de Viseu, a Santa Casa da Misericórdia de Viseu e a Lugar Presente - Cooperativa de Ensino e Cultura. 

No caso do protocolo com o Rotary Club de Viseu e a Santa Casa da Misericórdia, o mesmo estabelece a atribuição de apoio financeiro, no valor anual de 12 mil euros, e a disponibilização de espaços no Orfeão de Viseu para o desenvolvimento do plano de atividades e projetos da Universidade Sénior do Rotary Club de Viseu (USAVIS). Já com a Lugar Presente - Cooperativa de Ensino e Cultura, a autarquia cede gratuitamente duas salas neste edifício para a realização de atividades letivas e não letivas do ensino artístico especializado de dança e de teatro a nível vocacional, durante o ano letivo 2024/2025. 

"A fixação destes novos projetos no Orfeão de Viseu vai ao encontro dos nossos objetivos de valorização do edificado e dinamização da zona histórica da cidade. Estas intervenções de maior dimensão não visam somente a salvaguarda do património local, mas também reaproveitar o mesmo ao afetar-lhe novas vocações. Foi o caso da Casa das Bocas, com a instalação da Unidade de Saúde Familiar, e é agora o caso do Orfeão, com a cedência das suas diversas áreas para a promoção da atividade cultural, social, educativa e artística do nosso concelho”, rematou Fernando Ruas.